sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Guimarães Arte Contemporânea 2011
Ora, no passado dia 21 de Janeiro inaugurou uma exposição no Centro Cultural Vila Flor em Guimarães em que participo. Correu tudo bem, alguma gente que parecia pouca apareceu. O frio era perturbador, acho que até me inchou a cabeça com o vento nortenho a bater na testa. As casas são feitas de granito -pedra dura- e o bacalhau ao jantar era muito bom. Ficam umas fotos com o aspecto da coisa e das pessoas a andar elegantemente pela sala.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Cruz de Barro
Cleópatra #5
Cleópatra, o fanzine sem fim!



Desde meados de março ou antes já nem sei precisar, que andava a fazer um fanzine sobre o cinema, sobre o que é trabalhar num cinema, o meu trabalho nas Caldas da Rainha, imaginando siatuaçoes em que ia ao cinema com o Bergman, o Tarkovski, o Truffaut e o Oliveira (sabe-se Deus porquê agora apoia a candidatura do Cavaco) ver aqueles filmes odiosos. Este fanzine doloroso, com um tempo de gestação quase igual ao de uma criança, custou a ficar terminado, largas interupções na sua feitura, chegou a estar perdido quando estava quase acabado, deixando-me desesperado e quase que prometi nunca mais fazer nenhum fanzine, no final como de costume foi parido à pressa, espero que daqui a um tempo tenha relamente tempo para fazer uma capa a cores. Deixo-vos aqui um texto de apresentação, umas fotografias da "Feira Laica" onde apresentei o zine no dia 10 deste mês e umas imagens com o aspecto do interior e capa do mesmo.
"Passados 19 meses desde que publiquei o número 4 cá está este novo número. Muitas coisas aconteceram desde esse longínquo mês de Maio de 2009. Algumas coisas com mais importância outras mais ordinárias, uma das coisas que me aconteceram foi trabalhar durante quase uma ano e meio num cinema nas Caldas da Rainha. Um trabalho tão digno como qualquer outro, tão normal como qualquer outro, tão mal pago como qualquer outro, com um patrão tão sacana como em qualquer outro trabalho, em que só vês a cara de quem te paga passados muitos meses, porque o senhor patrão pensa que não deve nada ao empregado, nem sequer apresentar-se. Um emprego em que se faltares ao trabalho durante dias é mau, mas se por acaso o pagamento da esmola ao fim do mês se atrasar não há problema algum! Bem, voltando ao cinema, é um cinema de uma cidade de província com uma programação adequada aos interesses e expectativas da maior parte da população. Uma programação obscurantista, que serve os interesses económicos dos distribuidores. Uma programação agonizante e agonizada. Uma programação que não dá oportunidade de escolha, monopolizadora. A escolha deste tipo de programação nem sempre se deve directamente aos trabalhadores dos cinemas, são ordens que vêem por e-mail dos directores e administradores das cadeias de cinemas e das grandes distribuidoras que minam qualquer possibilidade de projectar num cinema comercial pequeno ou grande um filme que fuja às características dos filmes que geram dinheiro, que ofereçam experiência sensível alguma ao espectador. Nada pode ser diferente. Nada nestes filmes pode fugir à estética, à formula infalível daquilo que faz do cinema não uma arte, ou uma experiência sensível mas, um rio alienado e descontrolado de dinheiro, ganância e vedetismo, uma máquina geradora de falsidades e simulacros. Com toda esta frustração que senti decidi aproveitar este material, fazer alguma coisa com esta experiência, com esta situação com que tinha de lidar para receber uns trocados para pagar a minha sobrevivência.
Com estas pequenas histórias não pretendo fazer uma investigação, ou formar um discurso sério e realmente bem fundamentado sobre o cinema, a sua génese, o seu propósito, sobre a sua capacidade de comunicação ou se deve ser formalmente mais assim ou daquela maneira, se deve abordar este ou aquele tema. Estas pequenas bandas desenhadas são somente situações fictícias de como seria se fosse ver aqueles filmes para os quais vendi tantos bilhetes com alguns dos meus realizadores preferidos.
Este fanzine é uma tentativa de digestão de toda esta experiência, de toda esta indignação perante o estado do cinema em Portugal (e da cultura em geral), porque lidei com isso directamente, com os filmes que passam nas salas, com as pessoas que os vão ver. Porque fico indignado com a quantidade de salas que existem em relação à qualidade e diversidade de filmes que existe; porque me incomoda um DVD de um filme chegar a custar 20, 30 e mais euros e, pensar que uma pessoa que recebe o ordenado mínimo ou pouco mais com as despesas ofegantes mensais não consegue comprar esse filme para o ver em casa; porque não aceito que exista uma Cinemateca Nacional só na Capital, quando as pessoas esquecidas numa cidade interior não têm acesso a uma sala com uma programação regular e digna; porque me irrita um empregado de cinema ganhar uns míseros 500 euros e ficar com vapor do caramelo das pipocas a correr-lhe pela cara a baixo e as receitas ao fim desse dia serem de mais de 10 vezes o seu salário mensal (uso este exemplo porque é o meu, tendo noção de que a maioria dos trabalhadores encontra-se na mesma situação ou pior); porque me deixa triste não haver financiamento para os realizadores avançarem com a sua prática; porque me deixa enervado a declarada e vergonhosa falta de interesse político em educar a população, deixando-a entregue ao emagrecimento cultural, à ignorância e atrofiamento intelectual, remetendo as populações a um cerco de desinteresse, receio e posteriormente até, agressividade face ao progresso a todos os níveis (económico, social e cultural), enfraquecendo a sua capacidade de gerar e compreender a sua identidade.
Por tudo isto este fanzine foi feito, por tudo isto e ainda mais, temos que nos esforçar para promover o interesse na área cultural, por isto devemos exigir dos poderes políticos uma real mudança na vida das pessoas, por isto devemos envolver-nos uns nos outros.
Espero assim que a próxima vez que o olho de luz se abra, projecte nas pessoas alguma sensibilidade, alguma vontade."
Com estas pequenas histórias não pretendo fazer uma investigação, ou formar um discurso sério e realmente bem fundamentado sobre o cinema, a sua génese, o seu propósito, sobre a sua capacidade de comunicação ou se deve ser formalmente mais assim ou daquela maneira, se deve abordar este ou aquele tema. Estas pequenas bandas desenhadas são somente situações fictícias de como seria se fosse ver aqueles filmes para os quais vendi tantos bilhetes com alguns dos meus realizadores preferidos.
Este fanzine é uma tentativa de digestão de toda esta experiência, de toda esta indignação perante o estado do cinema em Portugal (e da cultura em geral), porque lidei com isso directamente, com os filmes que passam nas salas, com as pessoas que os vão ver. Porque fico indignado com a quantidade de salas que existem em relação à qualidade e diversidade de filmes que existe; porque me incomoda um DVD de um filme chegar a custar 20, 30 e mais euros e, pensar que uma pessoa que recebe o ordenado mínimo ou pouco mais com as despesas ofegantes mensais não consegue comprar esse filme para o ver em casa; porque não aceito que exista uma Cinemateca Nacional só na Capital, quando as pessoas esquecidas numa cidade interior não têm acesso a uma sala com uma programação regular e digna; porque me irrita um empregado de cinema ganhar uns míseros 500 euros e ficar com vapor do caramelo das pipocas a correr-lhe pela cara a baixo e as receitas ao fim desse dia serem de mais de 10 vezes o seu salário mensal (uso este exemplo porque é o meu, tendo noção de que a maioria dos trabalhadores encontra-se na mesma situação ou pior); porque me deixa triste não haver financiamento para os realizadores avançarem com a sua prática; porque me deixa enervado a declarada e vergonhosa falta de interesse político em educar a população, deixando-a entregue ao emagrecimento cultural, à ignorância e atrofiamento intelectual, remetendo as populações a um cerco de desinteresse, receio e posteriormente até, agressividade face ao progresso a todos os níveis (económico, social e cultural), enfraquecendo a sua capacidade de gerar e compreender a sua identidade.
Por tudo isto este fanzine foi feito, por tudo isto e ainda mais, temos que nos esforçar para promover o interesse na área cultural, por isto devemos exigir dos poderes políticos uma real mudança na vida das pessoas, por isto devemos envolver-nos uns nos outros.
Espero assim que a próxima vez que o olho de luz se abra, projecte nas pessoas alguma sensibilidade, alguma vontade."



Nada em Comum
De 1 a 20 de Abril deste ano que está a acabar realizou-se uma exposição em Leiria intitulada de "Nada em Comum", juntaram-se os artistas André Catarino, Catarina Domingues, Daniel Lopes, Gonçalo Pena, Laurindo Marta, Sara & André e Tiago Baptista. Montou-se a exposição, graças ao esforço do a9)))), obrigado, fica aqui o cartaz gentilmente feito pelos Calhau!, uma foto de duas pessoas e um pequeno texto que escrevi para enunciar o porquê e a ideia da exposição.
"Nada em Comum é o nome de uma exposição que traz a Leiria um conjunto de artistas emergentes das artes plásticas nacionais. Os trabalhos apresentados funcionam como uma visita informal à produção artística deste tempo, mostrando várias maneiras de pensar e fazer arte. Divergentes nas formas, nas ideias, nas técnicas e nos processos, os trabalhos destes artistas encontram-se na sua distância aparente. Nada em comum é então o lugar de encontro das disparidades e das incongruências das artes visuais produzidas contemporaneamente."
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Narciso das Fossas

O Narciso! O das Fossas, pode ser um qualquer produtor suinicula português. Pode ser um produtor de porcos ou de outra qualquer coisa, esta pintura é uma espécie de metáfora. Represento um senhor que se apaixona por si ao ver o seu reflexo numa fossa. Esta ideia surgiu numa viagem que costumo fazer para os lados do Cadaval e vejo lá ao fundo umas fossas a céu aberto, bem bonitas, e que pouco reflectem sem ser a ganância e falta de responsabilidade de quem fez com que essas crateras escavadas na terra que servem para guardar dejectos de animais existissem. Uma metáfora da infame ganância e ambição humana desmedida que tem como reflexo um futuro baço, dúbio, que no fundo nem reflexo tem!
Agnus Dei

Esta pintura resulta daquilo que às vezes me acontece, uma espécie de visões, inconsequentes às vezes, aparentemente incoerentes. deve acontecer assim com imensas pessoas. Acho eu. Esta pintura é então uma apropriação, uma interpretação de uma pintura barroca da “Josefa d’Obidos”, de um dos seus inúmeros Agnus Dei. Representa um cordeiro quase submerso numa matéria, uma espécie de crude massudo, ou lama e acena com a sua patinha até uma próxima. O Cordeiro de Deus.
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